sexta-feira, julho 17

Leite “azedo”

O Editorial



Como é que se responde à seguinte questão colocada por um produtor de leite: “Senhor ministro, porque é que Portugal é o único país da Europa onde o leite custa 39 cêntimos?”.

A “guerra” entre a distribuição e a fileira do leite já vem de há algum tempo, mas a recente crise da Renoldy veio adensar um problema que do lado da distribuição resulta da concentração excessiva no sector do leite, enquanto esse mesmo sector acusa a distribuição de importar leite, dando, assim, início a esta guerra de preços no mercado nacional.

Na votação online que colocámos no www.hipersuper.pt durante os últimos 15 dias quisemos saber o que o mercado pensava sobre esta questão. Dos mais de 1.400 participantes na votação ao longo destas duas semanas, a razão parece estar do lado da Lactogal a grande distância da APED, ou seja, 72 contra 19%, respectivamente.

Mas, lanço aqui uma questão e nada me move contra o sector lácteo português, nem contra qualquer operador da distribuição moderna a operar em território nacional. Ao longo dos últimos anos, têm surgido fortes críticas em relação à concentração existente no sector da distribuição moderna em Portugal e da “posição dominante” que os diversos operadores conseguem face às empresas produtoras e como, por isso, esmagam as margens dos produtores.

No caso do leite, onde há uma empresa que detém cerca de 65% do mercado, são poucas as vozes, a não ser da distribuição, que apontam esta “posição dominante” como prejudicial para a concorrência.

Imaginemos o que não seria, se em Portugal existisse um distribuidor com uma quota de mercado de 65%? Que reacção viria da fileira do leite, e não só?

A distribuição vai comprar leite ao estrangeiro mais barato? Façamos uma comparação: tenho um produto a 1 euro à venda num linear e ao lado, noutro operador, esse mesmo produto custa 0,50 cêntimos. Onde vou comprar?

Fica aqui a questão.

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