Reservo este espaço para dar conta da conversa que tive durante um agradável almoço com um amigo que conhece o sector da Distribuição Moderna portuguesa e internacional tão ou melhor que eu.

A conversa, que levantou muitas dúvidas e questões relativamente ao actual panorama retalhista nacional, bem como à situação de alguns retalhista perante a tão falada, ouvida, lida e comentada crise, tanto a nível interno como externo.

Mas deixemos o que se passa lá fora para os analistas do Financial Times ou Bloomberg e concentremo-nos neste cantinho da Europa, onde toda a gente fala, mas poucos dizem alguma coisa, citando aqui alguns pensamentos deixados recentemente por Medina Carreira.

Ora, que a crise está aí não é novidade nenhuma e se alguns se queixam e lamentam, outros não têm muitas razões de queixa. Basta olhar para os resultados de algumas companhias como a Galp, EDP e, no caso específico do retalho, para a Jerónimo Martins que apresentou recentemente os melhores resultados de sempre do grupo liderado por Alexandre Soares dos Santos e Luís Palha, levando o Chairman a admitir-se desgosto com o actual panorama político, empresarial e social vivido em Portugal.

Mas depois de algumas reflexões generalistas sobre o mercado, começámos a colocar os tais “ses” que nós portugueses gostamos muito de utilizar.

O primeiro “se” que veio à conversa e, de certa maneira em resposta a um comentário deixado por um leitor do www.hipersuper.pt, que criticava a redacção, ou melhor, o director do Jornal, por dar muita importância aos mais recentes acontecimentos em Espanha e à decisão estratégica da Mercadona em reduzir as marcas de fabricante nos lineares das suas lojas, colocou-se em cima da mesa “e se isto vier a acontecer em Portugal?”.

A aposta dos grupos de distribuição portuguesa e internacional parece estar concentrada na Marca Própria (MDD), levando mesmo o Presidente da Centromarca a referir recentemente que “hoje, quem escolhe pelo consumidor é a distribuição”.

De facto, a concentração do e no sector veio trazer menos concorrência, mas, na minha opinião, o consumidor continua a ser soberano e quando chega ao linear, se tiver à sua frente duas ou três propostas de fabricantes mais a MDD, a escolha é exclusivamente do consumidor.

Mas outros “ses” foram levantados. Por exemplo, a recente posição da Ahold em admitir que os 49% que detém na Jerónimo Martins são para vender durante 2009, levando novamente Alexandre Soares dos Santos a referir que a Jerónimo Martins está interessada, mas ao preço certo.

E “se” a Ahold vender a outro operador, seja nacional ou internacional? E quem estaria interessado em adquirir?

Rapidamente surgiram nomes, uns com mais força outros imediatamente colocados de parte, mas como se costuma dizer, “nunca se sabe o dia de amanhã”.

As possibilidades lançadas foram, de facto várias, mas os 600 milhões de euros que a Auchan reteve em carteira pelo fracasso na aquisição da operação do Carrefour em Portugal, comprada pela Sonae, não deveriam chegar para tal.

Mas nomes como Sonae ou E.Leclerc também foram equacionados, embora não se tivesse também colocado de parte a entrada de um player internacional através desta aquisição.

Aqui fica outra questão: e qual o preço certo pelos 49% da Ahold na JM?

Outro “se” está relacionado com a operação da Aldi em Portugal. Falo de um grupo retalhista que tem no hard discount toda a essência de ser, mas que chegou demasiado tarde ao nosso País, deixando o Lidl desbravar terreno, pensando, talvez, que desbravado o tal terreno, o Aldi podia entrar no mercado nacional dez anos depois do do seu concorrente e aplicar a máxima “Chegar, Ver e Vencer”. Pois estava errada.

A posição do gigante do hard discount alemão no nosso País é, na verdade, reduzida e não me espantaria que mais ano, menos ano, ficasse reduzida a zero pela simples saída ou venda da operação.

Ora, aqui está outro “se”. E quem compraria? O Lidl? A Auchan? O Leclerc? O Pingo Doce/JM? Os Mosqueteiros?

As lojas são muito poucas e em locais onde a maioria destes operadores ou já desenvolvem a sua actividade ou não têm interesse em estar.

Enfim, alguns, poucos, mas “ses” suficientes.




1 comentários:

Anónimo disse...

Muitos e muitos "se" saíram nesse almoço. Mas que foi uma conversa que é para repetir com mais regularidade, isso não tem "se" associado...

Abraços,
TC